sábado, 11 de fevereiro de 2012

A casa dela era a rua

Era uma festa gay, ele estranhou encontrá-la ali.
Lembrou-se de quando ela se queixava de não conseguir se sentir em casa nem no apartamento onde ela morava.
Observou por uns minutos como ela dançava, no ritmo das suas músicas favoritas, no meio de um grupo tão peculiar de pessoas.
Viu seu sorriso e concluiu o óbvio: a casa dela era a rua.

Cinco horas da manhã, na escada em frente a uma pizzaria barata, "pós-balada" oficial dos jovens da cidade, um grupo de adolescentes conversava sobre os assuntos mais improváveis e morria de rir dos próprios comentários sobre sexo, política, música, drogas e sabores de chiclete.
Ele percebeu o jeito como ela apoiava os cotovelos no degrau acima do que estava sentada e, novamente, concluiu o óbvio: a casa dela era rua.

Ela agarrou sua blusa e lascou-lhe um beijo.
Trocavam beijos e confidências em frente ao almoxarifado da escola de um amigo em comum.
E, mais uma vez, ele concluiu o óbvio.